Especialistas: eleição de Dilma ajuda a 'enterrar' preconceito

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Ao lado de seu vice, Michel Temer, Dilma sorri para o público. Foto: Vinicius Thompson/Futura Press

Especialistas acreditam que vitória de Dilma vai estimular mulheres em geral a participarem da política
Foto: Vinicius Thompson/Futura Press


Especialistas: eleição de Dilma ajuda a 'enterrar' preconceito

A eleição da petista Dilma Rousseff é um passo importante para que a sociedade brasileira enterre de uma vez por todas o preconceito de gênero. Esta é a opinião de diferentes cientistas políticos, professores universitários e políticos ouvidos pelo Terra sobre o tema após a confirmação da vitória da escolhida do presidente Lula para sucedê-lo. Todos concordam, entretanto, que ainda não se pode falar que o Brasil alcançou a emancipação da mulher e a igualdade de gêneros, e que muito da vitória da ex-ministra da Casa Civil se deve à popularidade de seu padrinho político, independente do fato dela ser mulher.

Para o cientista político da Universidade de São Paulo (USP), Humberto Dantas, o fato da petista ser a candidata de um governo bem avaliado pesa mais do que as questões de gênero. "Mas em termos de uma consolidação do que poderíamos chamar de ruptura de valores, ou de tradições e aspectos conservadores, a eleição dela ajuda", diz ele. "E isso já vinha acontecendo há muito tempo no Brasil. Tivemos mulheres prefeitas em grandes capitais, mulheres governando Estados. É sim importante, e rompe barreiras do que poderia ser resquício de um conservadorismo. Mas ela chega ao poder muito mais pelos méritos de seu principal fiador do que pela questão de gênero".

Ricardo Young, candidato derrotado ao Senado em São Paulo pelo PV e apoiador da candidatura de uma outra mulher, Marina Silva (PV), entende que a eleição de Dilma sinaliza a modernização da política brasileira. "É uma experiência já vivida em outros países da América Latina, e que vai estimular mulheres em geral a participarem da política. Mas, a condição de gênero não é suficiente pra ser uma boa presidente".

A presença de mulheres em cargos máximos de comando está se tornando uma constante no continente. Exemplos recentes são Cristina Fernández Kirchner, que preside a Argentina desde 2007; Michelle Bachelet Jeria, que foi a primeira mulher a governar o Chile, entre 2006 e 2010; e Mireya Moscoso Rodrigez, que atuou como presidente do Panamá de 1999 a 2004. Para Aldo Fornazieri, sociólogo da FESPESP, a eleição de Dilma é representativa para retratar o espaço cada vez maio que as mulheres ocupam na vida política. "Paulatinamente, num processo difícil e intrincado, a mulher vem adquirindo status e importância política, se equiparando aos homens", avalia ele.

Os estudiosos assinalam, entretanto, que uma vez no poder, Dilma não poderá se esconder atrás de sua figura feminina, como sugeriu mais de uma vez o presidente Lula durante a campanha, ao dizer que os ataques e críticas que sua protegida sofria eram motivados por sua condição de gênero. "Terminada a eleição, estas astúcias e manobras que são inerentes a uma campanha eleitoral vão desaparecer. A avaliação dela, no exercício efetivo do cargo deve se pautar pelas questões técnicas e de natureza política", disse Fornazieri.

Dantas segue na mesma toada: "na campanha isso é possível de ser feito, mas no governo não dá; o governo é a vida real. Não dá tempo de ficar dizendo ou usando justificativas desta maneira".

ELEIÇÕES 2010: Especialistas - eleição de Dilma ajuda a 'enterrar' preconceito

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Presidente comemora com Dilma a vitória no segundo turno das eleições presidenciais. Foto: Divulgação
Lula e Dilma

Especialistas: eleição de Dilma ajuda a 'enterrar' preconceito

A eleição da petista Dilma Rousseff é um passo importante para que a sociedade brasileira enterre de uma vez por todas o preconceito de gênero. Esta é a opinião de diferentes cientistas políticos, professores universitários e políticos ouvidos pelo Terra sobre o tema após a confirmação da vitória da escolhida do presidente Lula para sucedê-lo. Todos concordam, entretanto, que ainda não se pode falar que o Brasil alcançou a emancipação da mulher e a igualdade de gêneros, e que muito da vitória da ex-ministra da Casa Civil se deve à popularidade de seu padrinho político, independente do fato dela ser mulher.

Para o cientista político da Universidade de São Paulo (USP), Humberto Dantas, o fato da petista ser a candidata de um governo bem avaliado pesa mais do que as questões de gênero. "Mas em termos de uma consolidação do que poderíamos chamar de ruptura de valores, ou de tradições e aspectos conservadores, a eleição dela ajuda", diz ele. "E isso já vinha acontecendo há muito tempo no Brasil. Tivemos mulheres prefeitas em grandes capitais, mulheres governando Estados. É sim importante, e rompe barreiras do que poderia ser resquício de um conservadorismo. Mas ela chega ao poder muito mais pelos méritos de seu principal fiador do que pela questão de gênero".

Ricardo Young, candidato derrotado ao Senado em São Paulo pelo PV e apoiador da candidatura de uma outra mulher, Marina Silva (PV), entende que a eleição de Dilma sinaliza a modernização da política brasileira. "É uma experiência já vivida em outros países da América Latina, e que vai estimular mulheres em geral a participarem da política. Mas, a condição de gênero não é suficiente pra ser uma boa presidente".

A presença de mulheres em cargos máximos de comando está se tornando uma constante no continente. Exemplos recentes são Cristina Fernández Kirchner, que preside a Argentina desde 2007; Michelle Bachelet Jeria, que foi a primeira mulher a governar o Chile, entre 2006 e 2010; e Mireya Moscoso Rodrigez, que atuou como presidente do Panamá de 1999 a 2004. Para Aldo Fornazieri, sociólogo da FESPESP, a eleição de Dilma é representativa para retratar o espaço cada vez maio que as mulheres ocupam na vida política. "Paulatinamente, num processo difícil e intrincado, a mulher vem adquirindo status e importância política, se equiparando aos homens", avalia ele.

Os estudiosos assinalam, entretanto, que uma vez no poder, Dilma não poderá se esconder atrás de sua figura feminina, como sugeriu mais de uma vez o presidente Lula durante a campanha, ao dizer que os ataques e críticas que sua protegida sofria eram motivados por sua condição de gênero. "Terminada a eleição, estas astúcias e manobras que são inerentes a uma campanha eleitoral vão desaparecer. A avaliação dela, no exercício efetivo do cargo deve se pautar pelas questões técnicas e de natureza política", disse Fornazieri.

Dantas segue na mesma toada: "na campanha isso é possível de ser feito, mas no governo não dá; o governo é a vida real. Não dá tempo de ficar dizendo ou usando justificativas desta maneira".


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Fonte: noticias.terra.com.br

BRASIL, mostra a tua cara! - por RODOLFO REGO (Advogado e Professor Universitário)

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Sérgio Cabral, LULA, Dilma e  Eduardo Paes

Eu jamais poderia deixar de compartilhar com VOCÊS, a Carta que o grande e admirável Mestre, Prof. Rodolfo, enviou à minha esposa.


BRASIL, MOSTRA A TUA CARA!
de Rodolfo Rego
                                 
Carta aberta aos amigos

Um simples estudante que tinha a obrigação de votar. Essa é a definição mais correta de alguém que sempre foi eleitor de Lula por influência dos pais e que jamais compreendeu a importância deste ato para o futuro de seu país e do seu próprio dia seguinte.

Contudo, iniciei a mudança desse cenário a partir da eleição de 2002, quando decidi definitivamente deixar de ser um eleitor passivo (alienado, que apenas lembrava-se da eleição a cada 04 anos e que não se recordava sequer em quem votou na última vez em que foi à urna eletrônica) para me tornar um eleitor ativo, consciente, capaz de votar e acompanhar o desenrolar do governo de seu candidato. Imaginei algo distinto de um universo quadrado, que a partir daquele instante tornar-se-ia um horizonte de conhecimento e estudo sem precedentes.

Com o apoio de do grande amigo Mardone, decidi observar atentamente o governo Lula, coletando vasta pesquisa bibliográfica e de dados para compreender noções básicas de economia e mercado, com o objetivo de tornar-me um simples analista crítico da minha sociedade contemporânea, especialmente no sentido de confrontar os avanços sócio-econômicos alcançados neste governo com o do Sr. Fernando Henrique Cardoso.

A partir desta concepção de maturidade pessoal, passo a expor minhas humildes impressões sobre o atual processo eleitoral brasileiro.

A ERA LULA E O AVANÇO DA DIGNIDADE BRASILEIRA:

A eleição de Lula foi uma conquista do povo brasileiro, especialmente daqueles que foram eternamente renegados à margem de uma sociedade digna. Ele iniciou uma ruptura histórica com um novo padrão político-social, e isso, com certeza, a sociedade não poderá mais perder. Não conseguiu fugir à mecânica macro-econômica que privilegia o capital e mantém os fundamentos que permitem a acumulação das classes opulentas, mas deu início a uma transição de um estado privatista e neoliberal para um governo republicano e social que confere centralidade política à coisa pública, beneficiando milhões de pessoas.

A principal marca de um governante é ter em seu coração e mente que o núcleo de seu trabalho é o horizonte do povo, suas necessidades e carências primeiras, e isso Lula o fez sem trair as suas origens de sobrevivente da carnificina que se tornou a sociedade brasileira, especialmente para as pobres almas abandonadas pelo interior desta nação que sempre se encontraram esquecidas e subjugadas por uma classe política opressora e dominante de suas consciências.

Há exatos oito anos pregaram o medo contra Lula. Ocorre que o contrário do medo não significa coragem, e sim, fé! Lula sempre acreditou no povo brasileiro e nas potencialidades da nossa nação.  Lula e seus companheiros ousaram, ousaram especialmente, pensar! E conduziu as pessoas a saírem da alienação dos poderosos e também, pensarem!

Isso caro amigo leitor: pensar! Mais, iniciaram a implementação de sonhos em torno de um novo país, de um novo Brasil! A propositura de um projeto ousado, arrojado, audacioso para esta nação foi desenvolvida por seu partido. Herege, louco: Lula. Condenado.

Estava condenado o maior de todos os insanos, Lula - enfrentar a elite golpista da direita e da imprensa brasileiras.

Ter fé no possível e amar o que ainda não havia sido feito, visto, sentido, realizado é a maior virtude de Lula e do PT. Começava uma jornada de conquistas e avanços sociais que venceram o medo nas urnas. Um país triste, sombrio, temeroso, medíocre e pequeno foi sepultado junto com a escória da elite deste país, nascendo, então, um país encantado e encantador que foi iluminadamente gerado naquele inesquecível 1° de janeiro de 2003, quando centenas, milhares de novos cidadãos acompanharam a mais histórica de todas as posses presidenciais: um membro do povo alcançava o posto mais alto da nação!

Com Lula, 36 milhões de pessoas entraram para a classe média e 20 milhões saíram da pobreza absoluta. Milhões de pessoas passaram a ter diariamente 03 refeições. O que isso significa? No meu coração, um sentimento; para essas pessoas,  excluídas, sofridas, massacradas, o fim da fome!

O conceito de inclusão social e distribuição de renda antes tidos, apenas como objeto de estudos universitários e de pesquisas tornaram-se objeto da agenda social. A mobilização de classes e a crescente interiorização do sentimento de possibilidades tomaram conta desta nação. Um novo Brasil como um ente público democrático passou a olhar para si próprio como uma nação capaz de distribuir renda e direitos a todos!

Terra de excluídos. Este sobrenome do nosso país está sendo definitivamente sepultado na medida em que democraticamente uma nova releitura de direitos sociais deixou de ser metaforicamente propagada em discursos neoliberais e passou a ser garantida a todos os brasileiros. O Brasil desenvolveu uma política econômica e social que permitiu que a nova sociedade apresentasse uma dignidade robusta, que esqueceu o enxugamento do Estado e passou a ter responsabilidade sobre os direitos sociais atribuídos a todos desta nação.

Evidências materiais destes avanços são perceptíveis no cotidiano da sociedade (redução do desemprego, queda da inflação, aumento do poder aquisitivo real, ampliação do salário mínimo, crescimento dos investimentos estrangeiros e pagamento da dívida do FMI), inclusive das classes preconceituosas que não aceitarão jamais alguém como Lula no poder, mesmo tendo benefícios materiais para seu enriquecimento pobre e profético.


A ODIOSA GUERRA SANTA

Chamado à atenção em Canindé, o patético José Serra percebeu que a estratégia política de apelar para a imaturidade preconceituosa de alguns religiosos brasileiros estava saturada e errônea. Manter uma proposta eleitoral fundamentada em boatos como o assassinato de criancinhas, aborto e homossexualismo revela a verdadeira e perigosa face não só de um candidato inescrupuloso e capaz de vender a própria alma para satisfazer desejo pessoal de tornar-se presidente da república, mas também, como percebi nas ruas, a mais completa alienação de uma ampla parcela da sociedade, em sua maioria detentora de meios de acesso à informação, mas que por preconceito e mediocridade intelectual, vi ser incapaz de buscar a verdade e compreender as circunstâncias dos fatos, pois preferia, ou não aceitava, ver a verdade.

Reduzir o debate eleitoral a um QG de mentiras apoiadas por fundamentalistas evangélicos e católicos, por exemplo, demonstra o quanto parcela da sociedade religiosa prega ao amor à Deus, mas serve essencialmente aos homens e ao dinheiro.

Segundo a revista Istoé desta semana sobre a central de boatos montada pelo PSDB com o apoio das igrejas:

Os panfletos apreendidos evidenciavam que os tucanos montaram um bureau especializado em divulgar difamações, reunindo profissionais da mentira com a tarefa de espalharem boatos envolvendo principalmente sexo e aborto. Com tentáculos no submundo da campanha eleitoral, este aparelho utiliza-se de setores radicais geralmente afeitos à sombra da atividade política institucional: integralistas, monarquistas da direita extremada e setores ultraconservadores da Igreja. Ao contrário do que pressupõe a biografia oficial de Serra, esses fatos demonstram que para tentar vencer a eleição o ex-governador paulista fez parceria até com grupos que sempre estiveram ao lado do autoritarismo.

O comitê da campanha de Serra ocupa quatro andares do antigo Edifício Joelma, no centro de São Paulo. No térreo fica o chamado baixo clero, que recebe informações de militantes que estão nas ruas e busca cooptar lideranças de diversos segmentos, como o dos religiosos. É ali que trabalham operadores como o pastor Alcides Cantóia Jr. Ele coordena com afinco o grupo dos evangélicos que, entre seus trunfos, se orgulha de ter conseguido a adesão do pastor Silas Malafaia, do Rio de Janeiro, estrela de um dos vídeos mais ferinos contra Dilma. Na última semana, o grupo foi encarregado de oferecer benefícios financeiros às igrejas e seus projetos sociais, uma forma de compra de votos que deverá ser investigada pelo Ministério Público Eleitoral. O cérebro do bureau fica no 20º andar do Joelma, ninho dos tucanos mais poderosos.

A avalanche de baixarias que eles produzem é tão intensa que o PT já recebeu mais de cinco mil denúncias sobre mensagens e vídeos ofensivos à candidata petista. Apesar de toda essa estrutura, o presidenciável Serra procura se apresentar como vítima e cinicamente afirma que foi o PT que colocou o debate sobre o aborto na pauta eleitoral. Não foi!

Em meio a um terreno infértil de uma campanha sem debate políticos, germinou a semente do fundamentalismo religioso. Moral, comportamento e crenças manifestaram-se constantemente, fazendo com que candidatos passassem a freqüentar cultos e missas e se manifestassem devotos de alguma manifestação de Maria.

Ao centrar-se no reforço de um fundamentalismo religioso, falso-moralista, o debate eleitoral "escolheu" um inimigo ou melhor uma inimiga: a mulher. Direitos sexuais e reprodutivos, nem pensar. Liberdade e autonomia da mulher, causa de todos os males... Assim foi vista a mulher nas eleições! Foi reforçado o papel da maternidade obrigatória e mais uma vez inviabilizando o trabalho das mulheres (dupla ou tripa jornada de trabalho não remunerado).

Revelando uma hipocrisia manifesta, Serra propôs incitar o ódio dentro da sociedade. Não temos mais o medo de 2002, mas sim, a mentira! Contundo, minha maior decepção e tristeza não vejo com este dissimulado golpista candidato à presidência, mas com boa parte da sociedade que calou-se incitada pelos valores falsamente morais que o ceio da família brasileira ainda infla o peito para pregar.

Intolerância e preconceito. Castas como estas são feridas doloridas que são sentidas neste país. Revelam as pesquisas que as próprias mulheres em sua relevante maioria revelam não votar em Dilma. Os evangélicos em sua relevante maioria revelam não votar em Dilma. Quando decidi propor a alguns evangélicos debater o Brasil, obtive como resposta: é pecado fazer aborto. Realmente, a mais medíocre de todas as respostas não poderia ser proferida por pessoas que são incapazes em sua relevante parcela de debater os propósitos de seu país, mas os ganhos e benefícios com o governo tucano ficam por debaixo do pano, com certeza. Glória a Deus.

Para salvar as mulheres dessa situação que, se levada adiante, as fará prisioneiras do fundamentalismo religioso. Para salvar a democracia dessa crescente vertente que quer subordinar o Estado Laico aos preceitos religiosos. É necessária a política!É fundamental fazer política. É preciso tirar a política dos templos e igrejas, levá-la às ruas. Debater a partir das necessidades reais das pessoas, construir programas de superação dos problemas e empurrar o limite do impossível a luta por liberdade e igualdade social.


O OLIGOPÓLIO DA IMPRENSA NO BRASIL

Meios de comunicação como a Rede Globo, revista Veja, o Estado de São Paulo, o Globo e o grupo Folha são contrários aos avanços dos movimentos sociais e inflamam a propagação do medo dentro da sociedade quando seus interesses são prejudicados. Eles possuem o poder de gerar crises.

A imprensa no Brasil ao passo em que demonstra um complexo de perseguição e de inferioridade digna de uma sessão a ser marcada no psiquiatra mais caro deste país, nem de longe pode ser caracterizada como democrática e livre, pois mantém uma pauta jornalística que sistematicamente propõe-se inimiga dos movimentos sociais, tentando desconstruí-los em essência, atribuindo-lhes rótulos nefastos e perigosos à consciência democrática da nossa sociedade.

É possível perceber ao longo dos anos um embate entre a Rede Globo e o governo Lula. Em 1989, o então candidato à presidência da república Lula foi objeto de um golpe midiático perpetrado pela Rede Globo que, para impedir sua vitória, fabricou a candidatura de Fernando Collor de Mello. Desde então, especialmente com a era Lula, é possível perceber que a imprensa sente saudades deste período imperial internalizado, onde as pessoas se comportavam como súcubos.

A imprensa brasileira não aceita, não tolera que o Brasil ganhe relevância mundial e torne-se protagonista dos atos políticos, pois isso significa crescimento das pessoas, significa ampliação da capacidade de pensar. Lula ousou pensar e até hoje paga o preço, diariamente. Eu penso juntamente com ele!


DILMA PRESIDENTE!

Há duas propostas em andamento: uma é neoliberal ainda vigente no mundo e no Brasil, que tem por objetivo a sociedade acerca do caráter intensamente depredador do processo de acumulação e concentração de renda que tem como contrapartida o aumento vertiginoso das injustiças e da exclusão. Serra representa essa proposta! O outro projeto é o da democracia social e popular do PT. Dilma Rousseff se propõe garantir e aprofundar a continuidade deste projeto.

Durante a era Fernando Henrique Cardoso, o país embarcou alegremente no barco que no final de seu mandato quase afundou o Brasil. Para dar certo, ele postulou uma população menor do que aquela existente. Cresceu a multidão dos excluídos. Os pequenos ensaios de inclusão foram apenas ensaios para disfarçar as contradições inocultáveis.

O Brasil ainda é um terreno em construção, com os pilares erguidos, postos, firmes neste solo, mas ainda não acabado. Agora o mais importante questionamento: que Brasil finalmente queremos? Qual a cara deste país?

Neste momento, faltando poucos dias para a eleição, tais projetos repontam com clareza. É importante cada eleitor conscientizar-se de que está em jogo além das palavras e promessas, o nosso futuro e o que desejamos para nós e nossos filhos, especialmente quando chegamos diante de uma pequena urna eletrônica e deveremos digitar qual dos projetos atende melhor às urgências das maiorias que sempre foram as “humilhadas e ofendidas” e consideradas “zeros econômicos” pelo pouco que produzem e consomem.

Essas maiorias conseguiram se organizar, criar sua consciência própria, elaborar o seu projeto de Brasil e digamos, sinceramente, chegaram a fazer de alguém de seu meio, Presidente do país, Luiz Inácio Lula da Silva. Foi uma virada de magnitude histórica. As pessoas, não todas, mas boa parte delas passaram a refletir, pensar por si próprias!

O atual projeto tem por base social o povo organizado e todos aqueles que pela vida afora se empenharam por um outro Brasil. Este projeto se constrói de baixo para cima e de dentro para fora. Que forjar uma nação autônoma, capaz de democratizar a cidadania, mobilizar a sociedade e o Estado para erradicar, a curto prazo, a fome e a pobreza, garantir um desenvolvimento social includente que diminua as desigualdades. Esse projeto quer um Brasil aberto ao diálogo com todos, visa a integração continental e pratica uma política externa autônoma, fundada no ganha-ganha e não na truculência do mais forte.

Ora, é plausível, o governo Lula deu corpo a este projeto. Produziu uma inclusão social de mais de 30 milhões e uma diminuição do fosso entre ricos e pobres nunca assistido antes, em nossa história. Representou em termos políticos uma revolução social de cunho popular pois deu novo rumo ao nosso destino. Essa virada deve ser mantida pois faz bem a todos, principalmente às grandes maiorias, pois lhes devolveu a dignidade negada.

Dilma Rousseff se propõe garantir e aprofundar a continuidade deste projeto que deu certo. Muito foi feito, mas muito falta ainda por fazer, pois a chaga social dura já há séculos e ainda sangra. Sonhamos com uma democracia social, popular e ecológica que reconcilie ser humano e natureza para garantir um futuro comum feliz para nós e para a humanidade que nos olha cheia de esperança.

Vamos pensar, juntos! Mostremos a nossa cara, a verdadeira face deste país!

Rodolfo Rego
advogado e professor

 
RODOLFO REGO

ELEIÇÕES: Lula afirma que disputa do 2º turno é 'bênção de Deus'

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Lula diz que segundo turno é 'bênção de Deus'

Após evento no Rio, presidente afirmou também que compreenderá se Marina Silva decidir pela neutralidade

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou hoje que o fato de haver segundo turno nas eleições é uma oportunidade para que os eleitores conheçam melhor cada candidato. "É uma bênção de Deus ter a chance de disputar segundo turno", disse Lula a jornalistas após participar da inauguração das obras de ampliação do centro de pesquisas da Petrobras (Cenpes), no Rio de Janeiro.
 
Lula disse, ainda, que o "povo já deu seu recado no primeiro turno das eleições" ao destinar 67% dos votos para as candidatas Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV). "Eles querem uma mulher". Mas ponderou logo em seguida: "Mas sabemos que eleição é igual a mineração, pois só conseguimos saber o resultado depois da apuração".

Apoio de Marina

Indagado sobre a disputa de seu partido (PT) pelo apoio de Marina Silva no segundo turno das eleições, Lula disse que compreenderá se ela ficar neutra. "Acho que a Marina é uma extraordinária companheira. Tenho carinho por esta pessoa que ficou no meu governo durante dois terços do meu mandato. Compreendi quando ela saiu e vou compreender a decisão dela (...) Talvez ela fique neutra".

Jogo sujo

Ao responder outra pergunta sobre a prática de jogo sujo durante as eleições, Lula enumerou algumas situações por que passou ao longo das eleições que disputou antes de chegar ao poder. E disse que sempre há um jogo sujo, uma política rasteira, em época eleitoral. "Falavam mal da minha barba, da cor do meu partido (...), que eu queria acabar com as igrejas evangélicas (...) Temos que nos preocupar é com o povo, temos que falar para eles, é com eles que temos de nos importar".

Lula participou da inauguração de dez novas alas no Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), no Rio, cujos investimentos foram de R$ 1,2 bilhão.

Durante a solenidade de inauguração das obras, o presidente ressaltou feitos de seu governo nas áreas de educação, de ciência e tecnologia e na economia. Reiterou que em ao final de seus dois mandatos terão sido gerados 15 milhões de empregos - dos quais 2 milhões de vagas em 2010.

Mercado com título de eleitor

Contou que quando chegou ao poder foi alertado por interlocutores que algumas atitudes suas - como trocar o diretor da Agência Nacional do petróleo (ANP) e indicar José Sérgio Gabrielli para a diretoria financeira da Petrobras - poderiam desagradar o mercado. "Eu fiquei me perguntando se esse mercado tinha titulo de eleitor", disse, bem-humorado.

Lembrou que logo que assumiu começou a fazer política industrial, quebrando a tradição da Petrobras de encomendar plataformas e navios no exterior. No começo da gestão petista, a Petrobras interrompeu licitações em curso para priorizar a indústria nacional. "A pergunta que fazíamos era se valia à pena ganhar cem milhões (de dólares) na importação de plataforma ou ver milhares de trabalhadores desempregados".

"Se a gente juntar o que é bom de Estado, com o que é bom de mercado, a gente faz uma ótima parceria", concluiu o presidente.


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ELEIÇÕES: Justiça - Coligação de Dilma pede direito de resposta à TV Canção Nova por sermão antipetista

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Dilma pede direito de resposta na TV após sermão de padre

Representação do PT diz que religioso emitiu opiniões ofensivas e caluniosas contra a candidata
 
Por meio de representação direcionada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a coligação "Para o Brasil Seguir Mudando" e sua candidata à Presidência, Dilma Rousseff (PT), solicitaram direito de resposta contra a TV Canção Nova, no tempo de 15 minutos, em horário matutino. Na manhã de ontem, a emissora teria exibido, ao vivo, um sermão no qual um padre pediu aos fiéis que não votem na candidata no segundo turno das eleições.

Segundo a representação, no programa transmitido pela TV Canção Nova, o religioso emitiu opiniões ofensivas à candidata e ao PT, com afirmações de caráter difamatório e injurioso. "Dentre outras afirmações falsas e ofensivas, de cunho difamatório e calunioso, o referido padre afirma que o PT é a favor da interrupção de gestações indesejadas", afirma.

A representação sustenta que a emissora não se limitou a emitir opinião contrária à coligação e à candidata, mas fez graves ofensas à honra e à reputação, "a ensejar a concessão de direito de resposta". Entre as acusações mencionadas estão a de que o País piorará se o PT e sua candidata ganharem as eleições e a de que o partido defende a prática de aborto.

O padre teria dito ainda que a candidata e o PT pretendem aprovar leis que cerceiem as liberdades de imprensa e religiosa, que ambos pretendem aprovar a celebração de casamento entre homossexuais e que eles têm a intenção de transformar a nação brasileira em uma nação comunista e terrorista.

Em todas elas, conforme a representação, o religioso afirma que poderia ser morto ou preso em virtude de suas afirmações, "em clara sugestão caluniosa de que o PT poderia praticar algum crime contra a sua integridade física".

Link: www.ig.com.br/

INDUSTRIA: Lula evita, mas aliados fazem campanha em batismo de plataforma

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Lula evita, mas aliados fazem campanha em batismo de plataforma

No palanque, políticos e sindicalistas fazem referências a Dilma; Lula brinca e diz que não vai entregar a faixa presidencial
 
Principal cabo eleitoral, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva evitou fazer campanha aberta para Dilma Rousseff (PT), sua candidata à sucessão, no batismo da plataforma P-57, em Angra dos Reis (RJ). Diferentemente dele, porém, outros oradores fizeram diversas referências implícitas à candidatura de Dilma e à continuidade do PT no governo federal.

Falando a uma plateia de operários do estaleiro Keppel BrasFels, Lula louvou-se pelo fortalecimento da indústria naval e criticou os governos anteriores por não fazerem navios e plataformas no Brasil – política adotada no atual governo, mas não citou Dilma nem as eleições. Foi o primeiro evento aberto de Lula desde o primeiro turno da eleição.

Foto: Agência Estado
Lula e Sérgio Cabral em inauguração de plataforma da Petrobras

Ex-metalúrgico e vestindo uma camisa abóbora – como a dos trabalhadores –, Lula foi recebido com festa e apoio pelos operários na Brasfels. Passou mais de uma hora conhecendo a plataforma, posou para fotos e recebeu presentes de funcionários.

Operários levaram uma faixa de apoio branca, com estrelas vermelhas e o texto em letras vermelhas, remendada de última hora para evitar fazer propaganda: “Sr. Presidente, obrigado por acreditar no nosso trabalho. Agora é festa!” A palavra “festa” substituiu “Dilma”, como se podia ler por baixo, o que compunha a frase “Agora é Dilma!”.

Nos discursos e no palanque – só com políticos da coligação que apoia Dilma –, o tom era o mesmo, com referências indiretas à petista. “Não posso usar hoje aquele (cumprimento) bom dia ('bom Dilma'), mas os companheiros podem continuar repetindo... Este ano é o ano das mulheres no Brasil. Novamente aqueles que pensavam assim põem a cabeça para fora e querem retomar o retrocesso. Temos de assumir a continuidade da mudança do País”, afirmou o presidente da Federação Única de Petroleiros, João Antônio de Morais.

“Vamos continuar com o grupo que está aí para gerar riqueza para o Brasil”, disse o prefeito de Angra dos Reis, Artur Jordão. O presidente do Sindicato das Indústria Naval, Ariovaldo Rocha, também reforçou. “Desejamos que esse grupo (do presidente Lula) siga preponderando em 31 de outubro.”

Lula: "Eu não vou entregar a faixa"

O governador reeleito do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), disse que Lula “vai deixar muita saudade” e “recuperou a auto-estima do Brasil”, mas, como o presidente, não falou diretamente de Dilma. Lula brincou ao comentar a passagem do cargo, em janeiro, para o candidato que será eleito em 31 de outubro, Dilma Rousseff (PT) ou José Serra (PSDB). “Eu não vou entregar a faixa. Estou pensando em colar a faixa com aquela bichinha que não larga e sair correndo.”

O presidente da República criticou, em diversas ocasiões, a política do governo anterior de não construir plataformas no Brasil. “Quando olho o que era o estaleiro na década de 1970, olho o estaleiro até 2003, começo a imaginar por quanto tempo este país perdeu com gente que não compreendia a capacidade correta deste país”, afirmou.

“(Quando assumi) Trabalhadores especializados estavam vendendo cerveja em isopor nas praias do Rio. Diziam que era melhor comprar (plataformas e navios) fora, ficava mais barato. Mas cada plataforma que compravam lá fora, quantos adolescentes a gente permitia que se encaminhassem para a criminalidade por falta de perspectiva de trabalho. Era o Brasil que acreditava que tudo tinha de vir de fora, porque era mais barato e nós éramos cidadãos de segunda classe”, afirmou, sendo muito aplaudido.

A P-57 é uma plataforma chamada de “gigante”, com capacidade para produzir 180 mil barris de petróleo – em comparação com a maioria, de 100 mil a 120 mil barris – e 2 milhões de metros cúbicos de gás diariamente, a partir do fim de novembro. A P-57 vai ficar localizada da porção norte da Bacia de Campos, no Parque das Baleias, no litoral do Espírito Santo.

Lula se confunde

Lula se equivocou, ao enumerar favelas que teriam sido pacificadas no Rio pelo governador Sérgio Cabral, em discurso em Angra dos Reis. Ele citou os complexos de Manguinhos e do Alemão, onde não existem Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). As duas comunidades receberam investimento maciço do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), mas continuam dominadas por traficantes.

“Sérgio, você teve a coragem de fazer o que ninguém teve. As favelas se transformaram em bairros, em lugar de paz, com a maioria de trabalhadores. Eu convido vocês para subir em Manguinhos, no Alemão, no Pavão-Pavãozinho. Não vamos mandar a polícia só para bater, vai bater em quem tem de bater e proteger quem tem de proteger.”

No fim, disse que deixa como legado o exemplo de que, se ele pode, todos podem ser presidente da República, governador e prefeito. “Que a gente possa continuar a fazer mais plataformas, mais estaleiro, mais navio, mais emprego, mais salário, mais casa, mais cultura, mais comida e mais alegria.”

Leia abaixo a íntegra do discurso

Eu quero, primeiro, dizer que eu fiquei com água na boca quando aquele champanhe estourou lá, e o meu pessoal, em vez de colocar champanhe aqui, colocou água. Espero que outras pessoas tenham um cerimonial mais inteligente.

Mas, meu querido companheiro Sérgio Cabral, e meu querido companheiro Pezão, eu não poderia começar o meu pronunciamento aqui sem dar os parabéns ao povo do Rio de Janeiro, ao povo de Angra, aos trabalhadores, pela reeleição do companheiro Sérgio Cabral a governador do Rio de Janeiro. Eu acho que o Sérgio é uma experiência extraordinariamente bem-sucedida no Rio de Janeiro e acho que a continuidade do Sérgio Cabral por mais quatro anos vai, não apenas consolidar um conjunto de coisas que estão acontecendo no Rio de Janeiro, como vai torná-lo um político muito mais maduro do que ele é hoje. Então, parabéns ao povo do Rio de Janeiro pela eleição do companheiro Sérgio Cabral e do Pezão. Eu, como pernambucano e meio paulista, mas, sobretudo como brasileiro, estou feliz porque virei muitas vezes ao Rio de Janeiro e eu quero ter um amigo governador, e não um adversário como governador.

E depois eu quero cumprimentar os meus ministros, Sergio Rezende e o companheiro Luiz Dulci,

Quero cumprimentar o senhor Chow Yew Yuen, embaixador de Cingapura no Brasil e presidente do Conselho da Keppel,

Quero cumprimentar o companheiro Dornelles e o companheiro Crivella, senadores,

Quero cumprimentar os deputados federais Edmilson Valentim e Luiz Sérgio,

Quero cumprimentar o Artur Otávio Scapin, prefeito de Angra,

Quero cumprimentar o Marco Antônio Almeida, secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia,

Quero cumprimentar o nosso companheiro José Sergio Gabrielli, presidente da Petrobras,

Quero cumprimentar o companheiro Júlio Bueno, secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Energia e Indústria [Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços]. Eu não vi o Júlio Bueno por aqui. Ah, está aqui do lado.

Quero cumprimentar o companheiro Paulo Roberto Costa, diretor da Área de Abastecimento da Petrobras,

Quero cumprimentar o companheiro Guilherme Estrella, diretor da Área de Exploração e Produção da Petrobras,

Quero cumprimentar a nossa querida companheira Maria das Graças Foster, diretora da Área de Energia da Petrobras,

Quero cumprimentar o companheiro Renato de Souza Duque, diretor da Área de Serviços da Petrobras. Não sabia que eras Renato, sabia só que era Duque,

Quero cumprimentar o companheiro Sérgio Machado, que já me convidou para, no próximo dia 19 de novembro, voltar ao Rio de Janeiro para inaugurar um navio lá no Estaleiro Mauá, um navio de 50 mil toneladas,

Quero cumprimentar o companheiro Miguel Rossetto, que é o responsável pela Petrobras Biocombustível,

Quero cumprimentar o Ariovaldo Rocha, presidente do Sinaval,

Quero cumprimentar o companheiro Moraes, coordenador da Federação Única dos Petroleiros,

Quero cumprimentar o nosso querido companheiro Paulo Ignácio, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Angra dos Reis e Região,

Quero cumprimentar os queridos companheiros René-Louis de Carvalho e Raúl de Carvalho, filhos da Renée e do Apolônio de Carvalho,

Quero cumprimentar o prefeito Zezé Porto, de Paraty, e Raul Machado, de Rio Claro,

Quero cumprimentar os jornalistas aqui presentes,

Quero cumprimentar “não sei quem mais”,

E é o seguinte. Não, e é o seguinte. Eu falei do Sérgio Cabral, eu falei do Sérgio Cabral. Aqui na minha nominata o Paulo Hartung é o segundo governador; eu pulei [o nome do Paulo Hartung] para falar do Pezão, e não voltei mais no companheiro Paulo Hartung. Eu quero dizer para vocês que o Paulo Hartung é outro companheiro de extrema competência, de extrema qualidade, e eu acho que o Rio de Janeiro e o Espírito Santo estão de parabéns. Ele, porque não só foi bem-sucedido como governador, mas reelegeu o companheiro Casagrande, do PSB, para governador com 83%, e vamos depois discutir, na vida, o que esse companheiro vai fazer. Certamente, será meu ajudante nas pescarias que o Sérgio Cabral vai arrumar para a gente fazer quando a gente não tiver mais o que fazer.

Mas, companheiros e companheiras, eu vou ser breve porque o meu discurso, aqui, está muito longo, e eu vou tentar ser curto, aqui. Eu estou com fome e vocês também, e eu ainda tenho que ir... eu tenho que ir ao aeroporto ainda, para ir visitar o Centro de Pesquisas da Petrobras. Então, nós estamos um pouco atrasados.

Dizer para vocês o seguinte. Quando a gente começa a olhar o que era este Estaleiro aqui, na década de 70, e depois a gente olha o que foi este Estaleiro da década de 70 até 2003, a gente começa a imaginar quanto tempo este país perdeu com gente governando este país, que não pensava corretamente neste país. Quando nós compramos a briga para que a gente voltasse a construir plataformas e navios no Rio de Janeiro, não era apenas que a gente não queria que trabalhadores de outros países produzissem aquilo que nós queríamos produzir. É que um país que não exercita a capacidade intelectual do seu povo, que não exercita a capacidade profissional da sua gente é um país que vai sendo tratado como se fosse um país insignificante, porque o país não tinha mais Engenharia Naval, como não tem Engenharia Ferroviária, como não tinha mais engenheiro civil.

O país foi se autodestruindo, e trabalhadores especializados aqui, de Angra dos Reis, em vez de estarem construindo navios ou plataformas em qualquer lugar do Brasil, estavam vendendo cerveja, dentro de isopor, nas praias do Rio de Janeiro. Homens profissionalmente formados, homens que tinham o hábito de trabalhar e levar para casa, no final do mês, o sustento da sua família, pela sua formação profissional, pela sua capacidade. Isso acabou, e nós, então, resolvemos que era possível reconstruir.

E a primeira coisa que a gente teve que fazer era despertar um pouco de espírito de nacionalismo em cada um de nós; a gente gostar um pouco mais dessa bandeira verde e amarela e, gostando dela, a gente gostar mais da gente, acreditar mais na gente, porque nós fomos aprendendo que nós não tínhamos (falha no áudio) para fazer nada. É melhor a gente importar, era melhor a gente comprar de fora, ficava mais barato. A Petrobras iria ganhar US$ 100 milhões em uma exportação de uma sonda ou 150, ou 40, não importa (falha no áudio). Mas cada plataforma que a gente construísse lá fora, cada emprego que a gente fizesse lá fora, quantos adolescentes a gente estaria permitindo que fossem encaminhados para a criminalidade neste país, por falta de perspectiva de estudo, por falta de perspectiva de trabalho? Porque é a falta de oportunidade, é a falta de chance, é a falta da esperança que, muitas vezes, leva um pai ao desespero, leva um adolescente ao desespero. E o nosso papel era recuperar a dignidade de quem já teve dignidade, era recuperar a capacidade de produzir de quem já tinha produzido. E não foi uma briga fácil.

Eu vim aqui – o Luiz Sérgio era prefeito de Angra – eu vim aqui algumas vezes a convite dele, fiquei na casa da Lia. Eu vi até o Freitas por aí. Vamos ver se ele ainda me convida, quando eu não for mais presidente, para andar naquele barquinho mequetrefe que ele tinha aqui, vamos ver. Esse cara me arrumou uma casa na Ilha Grande que não tinha nem luz elétrica, nem luz elétrica. Tinha uma geladeira a gás que não funcionava, mas eu não reclamei porque, dado, até injeção na testa a gente tem que agradecer. E foi aqui que eu pude conhecer Angra, a beleza de Angra, porque... não pesquei... pescava sardinha todo dia e fazia panelada de sardinha na panela de pressão, quando ele ia lá para limpar.

Mas eu passava por aqui para ir... Onde é que tem uma marina aqui? Um lugar... eu passava por aqui, era um lugar que eu tinha que passar. Esses trilhos que a gente vê agora, esses guindastes, era cheio de grama embaixo, mato. Não tinha mais cheiro de trabalhador, não tinha mais um sinal da bota de um peão, de uma companheira, não tinha. Era abandono, era descrédito, era o Brasil que acreditava que tudo tinha que vir de fora, porque fora produzia mais, melhor, mais barato, e que nós tínhamos que ser tratados como cidadãos de segunda classe. O que nós fizemos foi apenas dizer ao mundo: Nós não somos melhores do que ninguém. Nós queremos apenas ter o mesmo direito, a mesma oportunidade, para a gente provar que o metalúrgico brasileiro é tão competente quanto o metalúrgico de Cingapura, do Japão, da Coreia, da Noruega, dos Estados Unidos e de qualquer lugar do mundo.

Agora, eu duvido que tenha, em algum lugar do mundo, trabalhador mais criativo do que o brasileiro, duvido, duvido. Eu duvido, porque eu conheço muita gente pelo mundo. Eu duvido que tenha alguém que trabalhe com [mais] amor pelo que faz do que o trabalhador brasileiro, quando ele está motivado.

Ô companheiro Sérgio, você hoje governa um estado que não é mais um estado que aparece nas primeiras páginas de jornais dizendo da violência, da droga, da bandidagem, porque você teve coragem de fazer o que outros não tiveram, de provar que é possível a gente fazer as favelas do Rio de Janeiro se transformarem em bairros, em lugares de paz, porque a maioria é trabalhador (falha na gravação) e, portanto, quer viver em paz.

Você, hoje, governa um estado que não aparece mais nas páginas policiais como aparecia antes. Lógico que tem criminoso, lógico que tem bandido, mas eu estou convidando vocês para subirem comigo, um dia, e com o Sérgio a favela de Manguinhos, o Complexo do Alemão, Pavão-Pavãozinho, para vocês perceberem que nós estamos dizendo para aquele povo de lá: Nós não vamos mandar para cá a polícia apenas para bater. A polícia vai vir para cá para bater em quem tem que bater, proteger quem tem que proteger, mas o Estado tem que trazer para cá cultura, educação, emprego e decência. E é o que nós estamos fazendo nas favelas do Rio de Janeiro e, se Deus quiser, vamos fazer nas favelas de todos os estados brasileiros, porque a favela é o descaso e o desgoverno de muita gente que governou este país nos anos 60, nos anos 70 e nos anos 80, que não construíram casas, que não fizeram saneamento básico, que não geraram empregos.

Poderia perguntar para os empresários aqui, da indústria naval, poderia pegar os empresários da indústria da construção civil. As empresas brasileiras não ganhavam mais dinheiro no Brasil, ganhavam fora, em Miami, na Líbia, na Arábia Saudita, no Kuaite, no Peru, na Colômbia, na Venezuela, e em vários países do mundo, mas o Brasil não tinha obra. Hoje não tem pedreiro, hoje não tem armador, hoje não tem azulejista, porque nós resolvemos recuperar a construção civil deste país. Eu tenho a convicção... o companheiro Ignácio estava falando da indústria metalúrgica. Só de metalúrgicos, no Brasil, nós recuperamos 600 mil postos de trabalho. Seiscentos mil postos de trabalho que não existiam mais neste país, nós recuperamos. E não foi apenas a indústria naval, foi a indústria siderúrgica, foi a indústria automobilística que estava caindo pelas tabelas, que hoje nós recuperamos. E tem muita gente que reclama do trânsito, mas eu fico feliz da vida quando eu vejo um peão comprar o seu primeiro carrinho. Eu vejo... Era uma... Ah, quem é rico não sabe, quem é rico não sabe o prazer de a gente pegar a mulherzinha e os filhos, colocar dentro de um carro e dar uma volta – sem beber, sem beber!

Então, eu estou... (incompreensível), eu estou terminando o meu mandato. Eu sou agradecido a esses companheiros da Petrobras, que a Petrobras também recuperou o sentido de empresa brasileira, porque teve um tempo que a diretoria da Petrobras – não é no seu tempo, não, José Sergio – achava que era o Brasil que pertencia à Petrobras, não era a Petrobras que pertencia ao Brasil, ao ponto de ter presidente que falava: “A Petrobras é uma caixa preta, ninguém sabe o que acontece lá dentro”. No nosso governo ela é uma caixa branca, e transparente. Nem tão assim, mas é transparente, a gente sabe o que acontece lá dentro e a gente decide muitas das coisas que ela vai fazer.

Vocês aqui, de Angra, não tenham medo, não. Não tenham medo, não, que quando eu não estiver presidente da República e for apenas um cidadão brasileiro, ai dos companheiros da Petrobras se não trouxerem plataformas para cá, se não trouxerem sondas para cá, porque aqui foi o começo de tudo, aqui foi o começo de tudo. Foi daqui que nós tiramos a ideia de que era possível construir aqui, foi daqui que nós tiramos a primeira semente de que nós iríamos recuperar a indústria naval brasileira, e estamos aqui agora fiscalizando.

Mas a Petrobras, gente, a Petrobras tem US$ 224 bilhões para investir até 2014. E não invista, para ver o que vai acontecer! Então, vai ter muitos navios, vai ter muitas plataformas, vai precisar de mais estaleiros, essas empresas de Cingapura vão fazer mais estaleiros aqui, porque nós temos que construir plataformas para outros países que precisam, para a América do Sul, para outros países que não têm a mesma tecnologia nossa. O pessoal de Cingapura produz bastante lá para a China, para o Japão, não sei para onde, e Cingapura veio para cá para produzir para o Brasil, para a América do Sul e para a África. Vai traduzindo para ele aí, para ele entender direito o que eu estou falando, pô, senão ele não entende. Não? Eu estou aqui gastando o verbo, estou gastando o verbo, e o Paulo Roberto não traduz nada para um cara que só entende coreano e inglês. Aí não dá, meu filho!

Então, meu filho, olha: eu, no dia 31, quando der meia-noite, eu ainda não vou, ainda não vou entregar a faixa. Eu estou pensando em colar a “bichinha” na barriga, colar com uma cola daquelas que não largam, e sair correndo. Mas, na hora em que eu entregar, eu saio com a convicção de algumas coisas. Primeiro, primeiro, nós fizemos um mandato republicano como o Brasil sempre deveria ter tido, o presidente que tivesse. Eu duvido que tenha, no Brasil, um prefeito de qualquer partido político, um governador de qualquer partido político que possa dizer na televisão que ele precisou de R$ 1,00, e o Lula não deu porque ele não pertencia ao meu partido. Não é assim que eu faço política. Eu tenho divergências com muita gente, mas como presidente eu não sou do meu partido; como presidente, eu sou o presidente de 190 milhões de brasileiros e eu trato todo mundo em igualdade de condições. Eu não sou daqueles que vaiam o jogador de outro time que está na Seleção brasileira só porque não é do meu time. Eu, aliás, não sou jogador... eu não sou torcedor de vaiar meu time. Teve um tempo em que eu ia ao estádio, que a gente não vaiava o time da gente. Hoje a gente vai ao estádio para vaiar o time da gente. Ontem, por exemplo, se eu estivesse no estádio, eu tinha vaiado o Corinthians, porque, rapaz... Não só na quantidade de gol que ele perdeu... Teve um cara – vocês que entendem de futebol – teve um cara, não sei se alguém viu o jogo, teve um cara que a bola estava dentro! Ele dá uma bicuda e tira a bola para fora, rapaz! É! Se fosse você, com essa muleta, tinha marcado o gol. Não, não é possível, gente! Olha, eu sofri. Eu fui dormir, ontem, eu pensei que eu ia ter um infarto...

Mas, então, eu sou daqueles que gostam de respeitar as pessoas. Então, eu acho que nós estamos dando um passo extraordinário. O Brasil hoje é mais Brasil, as pessoas recuperaram a autoestima, nós já não temos mais vergonha de hastear a nossa querida... Ó, que coisa linda aquela bandeira lá! Dá uma olhada. Veja qual é o país do mundo que tem uma bandeira bonita daquela. Se não fosse a nossa decisão de fazer aqui, esta bandeira não estaria hasteada, seria a bandeira de um outro país que estaria na Plataforma, e talvez o José Sergio estivesse lá para trazer a nossa Plataforma. Está aqui! Dá uma olhada na cara dessa peãozada aqui, ó! Dá uma olhada aqui. Isso aqui, ó... Nós estamos fazendo 65% de componente nacional, você pode começar a pensar em 80[%], 90]%], daqui a pouco pode colocar 100[%], porque a gente faz... Estava aqui me entusiasmando, falei mal do Corinthians, ia caindo em um buraco aqui.

Mas aqui, Gabrielli e Sérgio Cabral, aqui é o seguinte: isso aqui que vocês estão vendo aqui... Uma vez, eu estava na presidência do sindicato, a gente estava em greve... em greve na Chrysler do Brasil, que era na frente da Volkswagen, na Via Anchieta. E aí a chefia saiu de dentro da fábrica achando que a peãozada não tinha condições de tocar a fábrica, porque a gente não estava fazendo greve, estava fazendo “ação tartaruga”, trabalhando menos, menos, trabalhando de leve. Aí, a empresa resolveu tirar a chefia de dentro, porque achava que tirando a chefia a gente não ia ter capacidade de tocar a fábrica. Tirou a chefia, e nós viramos uns demônios ali, e nós tocamos aquela fábrica, produzimos com muito mais rapidez. Aí eles voltaram para conversar. Eu estou dizendo isso para dizer, Gabrielli, que esta peãozada aqui, esta peãozada é muito mais estudada do que no meu tempo de peão. Aqui tem gente de macacão que já é doutor, já é doutor. Mas isso aqui, Sergio, a gente faz qualquer coisa pelo Brasil. Se um dia vocês quiserem o desafio de a gente fazer 100% de uma plataforma aqui, faça o desafio, para você ver que a gente toca esse negócio aqui. Pode!

A engenharia brasileira não vai dever nada a ninguém. E quando eu vejo... a coisa evoluiu tanto que 25 anos atrás a profissão de soldadora não tinha... mulher não podia trabalhar em solda, vocês estão lembrados? Solda era uma profissão de homem e era insalubre. Quem trabalhava com solda aposentava aos 25 anos de idade. Hoje as cortadoras de cana de Pernambuco deixaram de cortar cana e são soldadoras no estaleiro, lá em Recife. É uma coisa extraordinária. Mas aqui você vai comigo visitar a Nuclep, e você vai ver a quantidade de meninas formadas soldadoras.

Eu vim aqui um vez já, fui na Nuclep, mas não era você o governador, era outra pessoa, que não estava de bem com a vida, estava mal-humorada. E eu, sinceramente, sinceramente... não é possível a gente ser mal-humorado governando o estado do Rio de Janeiro, não é possível, ainda mais torcendo para o Vasco, como você torce, ainda mais. Não é possível.

Então, meus queridos companheiros, olhem: eu não venho mais aqui até o dia 31 de dezembro. Então, eu quero me despedir de vocês, dizendo para vocês que o legado que eu quero deixar para vocês é deixar com vocês a certeza de que não existe um ser humano inferior a outro; de que todos nós temos competência, desde que a gente tenha oportunidade de fazer as coisas. E eu sei que o grande legado que eu vou deixar é ter despertado na cabeça de cada mulher e de cada homem deste país que se eu pude ser presidente da República e fazer o que fiz por este país, significa que qualquer um de vocês pode ser presidente da República, pode ser governador e pode ser prefeito.

Por isso, companheiros, um grande abraço, que Deus abençoe cada um de vocês, que Deus abençoe a mulher e os filhos, e que a gente possa continuar fazendo mais plataforma, mais estaleiro, mais navio, mais emprego, mais salário, mais casa, mais cultura, mais comida e mais alegria.

Um abraço, gente.


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ARTE: Obra polêmica - Escultura em formato de dedo médio é exibida em Milão, na Itália

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Milão estende exibição de escultura de "dedo médio"

Público quer que a obra ganhe um espaço permanente na cidade italiana
 
Foto: Divulgação
A obra L.O.V.E., do artista italiano Maurizio Cattelan

A cidade de Milão estendeu o prazo de exibição de uma controversa escultura do mais famoso artista italiano vivo, Maurizio Cattelan, que retrata um gesto obsceno.

Chamada oficialmente de L.O.V.E., mas conhecida popularmente como "O Dedo Médio", a escultura permanecerá na Piazza d'Affari, em frente à Bolsa de Valores de Milão, até o final da retrospectiva de Cattelan, em 24 de outubro. Simpatizantes do artista agora pressionam para que a praça se torne o lar permanente da obra, mas as opiniões estão divididas.

A peça é feita de mármore Carrara, o mesmo material usado por escultores renascentistas com Michelangelo e Bernini. Meteoro O gesto obsceno retratado na escultura e sua proximidade da bolsa levaram a sugestões de que ela teria uma mensagem anti-capitalista, o que foi negado pelo artista.

Foto: Divulgação
Trabalho de Cattelan retrata papa atingido por meteorito

Muitos turistas visitando Milão se dizem favoráveis a que a escultura receba um local permanente na cidade, que já abriga, em um convento, o famoso quadro a "Última Ceia" de Leonardo da Vinci. A obra sobre o papa foi vendida por US$ 3 milhões Já outros dizem que o trabalho seria um insulto aos séculos de tradição da arte italiana.

Autoridades como o presidente do comitê de Cultura da cidade, Massimiliano Finazzer Flory, querem manter a obra em Milão. Mas um problema para isso seria o preço. O trabalho mais conhecido de Cattelan, retratando o papa João Paulo 2º atingido por um meteorito, foi leiloado por US$ 3 milhões (mais de R$ 5 milhões).

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